Artista Convidado – João Sarmento SJ

João Sarmento SJ é o artista convidado para a sessão de Junho do Cineclube Campo Aberto na Brotéria, onde apresentará a curta-metragem “Mãos ao Alto” que interpretará livremente o tema da sessão “Ver de Novo”. Neste artigo, podem ficar a conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho.

Sinopse: Cena 3: primeiro plano. Uma fogueira. A mão de alguém estende um envelope velho e amassado em direção ao fogo. A fogueira torna-se mais viva. Tomada de baixo ângulo do pai (o autor do poema), de pé ao lado de uma árvore, olhando para a fogueira. 

(…)

Cena 5: O neto caminha através do campo. Passagem para o close-up do neto, de perfil; de repente, ele vê algo fora de enquadramento, e pára. Panorâmica na direção do seu olhar. Plano geral, de um anjo na orla da floresta que escurece. Cai a noite. Escurecimento e dissolução da imagem.

As imagens em movimento aproximam-se muito da relação que temos com a realidade. Reproduzem de forma particular o modo como percecionamos.  Contudo, os factos representados não constituem a verdade das coisas. Mostrar um filme sobre um objeto procurando documenta-lo é, sobre tudo criar uma imagem sobre esse pedaço do real. Por isso, antes de mais nada, o que vemos, são imagens dessas coisas e são essas imagens que nos excitam os sentidos. Interessam-nos que cada frame seja um facto, não da realidade representada, mas da fantasia das imagens.

Não tentámos fazer uma curta dentro de alguma tradição cinematográfica consciente, mas antes procuramos responder simplesmente ao exercício da Sofia de mergulhar nos arquivos de acesso e uso livres e aproveitar isso para visitar aquilo que nos interessa: escultura enquanto objeto, ferramenta, cadáver ou fóssil. Se a “arte está no extremo oposto das ideias gerais, só descreve o individual, só deseja o único. Não classifica; desclassifica”, foi este o nosso desejo: ter uma relação visual com imagens desqualificadas do seu sentido narrativo, científico ou documental.

Biografia: João Sarmento SJ tem 34 anos e entrou para a Companhia em 2008. Formado em estudos artísticos na Escola Soares dos Reis e em escultura pela Faculdade Belas Artes da U. Porto. Atualmente cursa o segundo ciclo de teologia na Faculdade de Teologia da UCP (Lisboa). Coordena a Galeria da Brotéria. Foi ordenado padre em Julho de 2020.

Podem conhecer melhor o seu trabalho nas imagens que partilho abaixo. Passem pela sessão já no dia 17/06/2022 às 18H na Brotéria, em Lisboa, para ficarem a conhecer este seu mais recente trabalho!

Seja quem for que passe, olhe e chore (ou, trespassarei a amarela Luz de cera com um longo olhar/ pois a tua extinção diz tudo o que poderia ser dito sobre a luz).
Madeira de Caneleira, Latão, impressão de imagem em cobre
190X33X33cm
2018
Seja quem for que passe, olhe e chore (ou, trespassarei a amarela Luz de cera com um longo olhar/ pois a tua extinção diz tudo o que poderia ser dito sobre a luz).
Madeira de Caneleira, Latão, impressão de imagem em cobre
190X33X33cm
2018
Nem o caos antiquíssimo é mais desarrumado do que a noite em que domesticaram o fogo. Agora, temo que nova luz cegue os seus olhos.
Madeira de mogno e Latão
Dimensões variadas
2017
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